Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro

Turismo para o Século XXI

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Por Otavio Leite, consultor da Presidência da Fecomércio RJ e doutorando em Turismo

Dispensa maiores relatos dizer que o setor do Turismo possui grande importância econômica e social. Afinal, trata-se de um segmento que representa 10% do PIB mundial, registra um em cada 11 empregos no planeta e possui um enorme potencial de gerar oportunidades em face aos desafios da humanidade: a geração de trabalho e renda, o enfrentamento da crise climática e a garantia de bem-estar social.

 

Estudos da Organização Mundial do Turismo (OMT), agência vinculada às Organizações das Nações Unidas (ONU), indicam que o fluxo de viagens alcançou, em 2022, cerca de 65% do status vivido em 2019. E a expectativa aponta que em grande parte, ou até mesmo antes para alguns destinos, já em 2024, estaremos plenamente nos padrões de 2019. São as consequências da Covid-19, que provocaram um exponencial refluxo no setor.

 

A resiliência existe, e o fato é que as pessoas prosseguirão se deslocando do seu habitat para outros locais, quer seja para trabalho, lazer, negócios, estudos, trabalho+lazer e múltiplas outras finalidades.

 

Ao mesmo tempo, é fundamental registrar que vivemos hoje o imperativo de construção de uma nova ordem econômica e social ditada pela tanto bela quanto desafiadora expressão: “Sustentabilidade“.

 

A rigor, agora e no futuro, tudo passa pela mandatória obrigação de diminuir radicalmente a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e o turismo terá o seu papel a cumprir nesse contexto. A mesma fonte citada indica que tal preocupação já é relevante para 83% dos viajantes, sendo que 61% afirmam que pensam em realizar viagens com roteiros mais sustentáveis. Portanto, seja pelo viés da demanda ou da oferta, o turismo sustentável será a primazia.

Essas são premissas de uma abordagem global da urgente descarbonização, o que exige rápidas, consistentes e perenes ações locais: “pensar global, agir local”.

 

Vale lembrar que não há território que não possua algo bonito a ser visto ou mesmo uma interessante história a ser contada. São os atributos que promovem Atratividade – combustível que move o turismo. Ainda, doravante, a essas diretrizes, será fundamental garantir integração e dividendos para a população residente nos espaços e sítios onde acontece o turismo, inclusive ensejando a todos o usufruto civilizatório dos avanços do mundo digital e tecnológico.

 

Mas, e o Brasil nesse contexto?

 

Precisaremos engajar corações e mentes nesse processo. Seja na perspectiva do turista mais consciente e exigente com o tema, seja para o prestador de serviço que necessita incorporar ao seu cotidiano as boas práticas não poluentes ou neutralizadoras de carbono.

 

Sendo certo que turismo é “força econômica“, insta lembrar que, ao nosso norte, prossegue a máxima: viajar é preciso… Embora os brasileiros nesse período pós-pandemia tenham viajado mais internamente – e é óbvio que o turismo de proximidade (sobre rodas) tem um relevante e específico papel -, contudo, ainda há muito o que avançar no turismo doméstico, quando se deseja ir para localidades mais distantes.

Para isso, de saída, será necessário enfrentar o peso do “custo Brasil“ onde se manifestam os elevados preços das passagens aéreas.
Uma medida para combater esse problema seria atrair mais companhias aéreas e com isso ampliar a concorrência interna (a legislação do país assim já o permite), porquanto, aquecer o movimento interno de passageiros é gerar outras oportunidades de viagens e fazer circular mais dinheiro na nossa economia.

 

Concomitantemente, é imprescindível um esforço para atrair mais visitantes internacionais (até 2019, segundo o Banco Central viemos estagnados na casa dos 6 milhões/ano, o que gera uma receita de cerca de 6,5 bilhões de dólares), ao passo que os brasileiros que viajaram ao exterior gastaram por lá aproximadamente 17 bilhões de dólares, naquele ano. Para reverter esse pesado déficit, indica-se necessário associar forte promoção e marketing em destinos estratégicos – América do Sul, EUA (importante manter a NÃO exigência do Visto) e Europa -, com a criação de novas frequências aéreas internacionais. A atitude proativa do governo brasileiro para viabilizar o estabelecimento de mais e/ou novas rotas aéreas, consiste numa típica pauta que merece ser incorporada aos pontos tratados nas relações diplomáticas em face de nações como EUA, Alemanha, Espanha, Reino Unido, China, por exemplo.

 

Portanto, para realizar o relevante potencial turístico que o país possui, o momento requer tomada de consciência nos termos das obrigações ambientais do nosso tempo, bem como na arrojada busca de dispormos de mais aeronaves cruzando os céus – com bioquerosene –dentro do país e de outros tantos com destino ao Brasil. Turismo é vocação, é solução!

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