Por Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente da Fecomércio RJ

O combate ao assédio sexual e moral no ambiente de trabalho e de negócios é um tema que já devia estar devidamente sedimentado na cultura corporativa do país. Exemplos em série nos últimos anos já deveriam ter servido de lição, mas compreendemos que mudanças profundas têm um tempo particular de maturação. Neste 2 de maio, Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, será mais uma oportunidade para avaliarmos o que vem sendo feito a respeito disso em nossas organizações – ainda mais oportuno pelo fato de a mesma data também marcar o Dia Nacional da Ética.
Nós, do Sistema Fecomércio RJ, e o setor produtivo sempre valorizamos muito aquilo que nosso estado tem para nos orgulhar. O empresariado fluminense pode ser ainda mais motivo de orgulho introjetando em sua cultura que integridade não é apenas conduzir negócios sem práticas corruptas. É também conduzir o ambiente de trabalho tendo o respeito ao próximo como valor inegociável.
Demonstrar isso na prática envolve uma adequação que vá além da implantação de canais de denúncia. As empresas precisam implementar políticas efetivas para prevenir e combater o assédio, principalmente por meio do exemplo. É o exemplo, especialmente da cúpula de qualquer empresa, de qualquer tamanho, que tem o poder de ser didático quando falamos de assédio. Ou, infelizmente, o contrário também vale: posturas impróprias têm um efeito cascata perigosíssimo sobre todo o ecossistema de uma empresa.
Um impulso nesse sentido veio do fim do prazo de adaptação das empresas, em março, à norma nacional que exige que o combate a assédio sexual e moral seja uma função obrigatória de qualquer empresa. Encaramos com satisfação que agora têm força normativa preocupações que eram naturais em quem tem a ética e a respeito como valores essenciais, como a Fecomércio RJ. Outro impulso deverá vir da sanção da lei que cria o Programa de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual, fruto de medida provisória enviada ainda no governo passado após os casos descobertos na Caixa Econômica Federal.
O assédio exige vigília de todos, porque os sinais nem sempre são explícitos. Por isso, é muito importante também que os comerciantes do Rio de Janeiro não apenas olhem para dentro de seus negócios, mas que estejam cada vez mais atentos a respeito de quem são seus fornecedores. O esforço em criar um ambiente seguro em sua empresa não deve se esgotar ali: é preciso exigir de parceiros que suas condutas também sejam íntegras.
Somando-se ao já estabelecido Canal Ético, estamos desde o ano passado elaborando no Sistema Fecomércio RJ uma cartilha abrangente sobre assédio, a ser lançada agora em maio. O documento explicará de forma didática os diferentes subtipos de assédio moral e estratégias práticas sobre como evitar que o ambiente de trabalho se transforme em campo fértil para casos de assédio brotarem. A cartilha, porém, não é uma bula: não é manual sobre como remediar, mas como identificar sintomas e prevenir. A ideia é dupla: não só estabelecer regras claras para todo o corpo do Sistema Fecomércio RJ, mas, tão importante quanto, servir de referência para empresas que desejam ter algo estruturado e embasado para melhorar as relações de trabalho. Ganham todos: a empresa e os trabalhadores.